Parto - Parte II
Mas o efeito deve ter durado cerca de uma hora.
Por volta das 20h30 eu já estava cheia de dores outra vez. Uma enfermeira pergunta-me à quanto tempo não fazia xixi. Como já nem sabia, nem conseguia responder, puseram-me uma algália.
A médica faz novamente um toque e eu tenho apenas 3 dedos de dilatação à justa. Estava a preparar-se para me furar a bolsa das águas com uma espécie de agulha, mas, ao mexer, acabou por a furar com um dedo.
Durante todo este tempo, o meu marido esteve sempre ao meu lado, tentando confortar-me. Nem queria sair do quarto para comer.Mas, acabou por ser obrigado a sair sempre que me observavam.
Finalmente, lá me deram a epidural. E foi a melhor coisa do mundo! Conseguia finalmente desfrutar do trabalho de parto sem sentir as dores. Recordo que estas eram muito fortes e sem intervalo entre as contracções.
Mais uma vez, o meu marido foi obrigado a sair do quarto, obrigado pelas enfermeiras, que iam fazer a passagem de turno. Só pode regressar quando fui para a sala de partos. Uma tristeza, esta situação.
A certa altura, começei a reparar que o CTG registava muitas alterações no ritmo cardíaco da minha filha. Durante a contracção, o seu ritmo cardíaco subia aos 150 e depois descia aos 80, 70... Chegou mesmo a atingir os 58. Havia alturas em que nem conseguia registar batimentos.
Comecei a ficar preocupada. Ainda para mais, estava sozinha no quarto.
Entraram uns quantos médicos, e uma delas repara nestas alterações. Chama a atenção ao chefe da equipa. A resposta dele foi que iam fazer uma cesariana a uma grávida de gémeos e depois vinham avaliar novamente a situação. Eu pouco mais tinha de 3 dedos de dilatação.
Na mudança de turnos das enfermeiras, mais uma conversa que me deixou ainda mais preocupada. Uma delas repara nas alterações da frequência cardíaca no CTG e pergunta se era normal. A Chefe das enfermeiras do turno que estava a sair disse que os médicos estavam a par da situação e "seja o que Deus quiser".
Seja o que Deus quiser????!!!!!!!
Nesta altura não tinha bem noção do tempo. Mas talvez uma hora, hora e meia depois, os médicos não apareciam, não se viam enfermeiras, e cada vez parecia haver mais alterações no ritmo cardíaco da minha filha.
Eu estava assustada. Falava baixinho com ela, pedindo-lhe para ela se aguentar e ter força, que estava quase cá fora. Só me apetecia chorar. Continuava ali sozinha, pois não sei porque, mas as enfermeiras não deixavam o meu marido entrar.
A certa altura, não aguento mais. Estou verdadeiramente assustada. Começo a tocar insistentemente na campaínha, para chamar as enfermeiras.
Enquanto aguardo, chega um médico. Eu chamo-lhe a atenção para o CTG. Ele vê e faz-me um novo toque.
"Você já tem a dilatação completa! Não sente necessidade de fazer força? Vamos já para a sala de partos. Tem alguém para assistir?"
Eu respondo afirmativamente, e ele diz-me que não sabe se o meu marido chegará a tempo.
Na sala de partos, eu reparo finalmente nas horas: 23h30.
O meu marido lá consegue chegar a tempo. A médica pede-me para fazer força. Eu faço, mas a bebé está muito subida. Tento bastante tempo, mas a médica acaba por dizer que tem de ajudar a bebé a nascer, através de instrumentos (ventosa). O meu marido é obrigado a sair.
Finalmente, a minha bebé acaba por nascer, às 00h22.
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